FAMÍLIA, VIDA E MISSÃO

Que a Família seja: O Sal da Terra, Luz que ilumina, encobrindo as trevas.

segunda-feira

Onde há amor, ali está Deus. José Cristo Rey Garcia Paredes

Onde há amor, ali esta Deus
Fonte: José Cristo Rey García Paredes



Muitas canções falam do esquecimento: do amor que foi é não é mais; se lamentam os desencontros depois do encontro, da distância depois da proximidade. A música e a canção se tornam as intérpretes de tantas experiências de frustração amorosa, como balizas da história humana. Não poucas dessas canções poderiam ser cantadas ao mesmo Deus; não poucos dessas histórias poderia ter Ele mesmo como personagem principal. Ele está sendo objeto de indiferença, de infidelidade amorosa, de indiferença e esquecimento.

Não poucos se queixam do secularismo que existe em nossa sociedade e do esquecimento sistemático de Deus. Minha pergunta é: como quer nosso Deus ser amado, ser evocado, ser o aliado de uma história apaixonada de amor?

Nosso Deus é Amor, é Paixão amorosa para nós e não merece um tratamento frio, de indiferença e esquecimento. É o Deus da Aliança com a humanidade. Comprometeu-se em manter sua aliança de amor de geração em geração. Também é um Deus escondido. Só nos aproximamos Dele através da fé. Muitos caminhos se apresentam como vias de acesso a Ele. Também há caminhos que não levam a nenhuma parte é tem perdido credibilidade.

Nosso Deus merece o elogio de seus fieis, merece ser escutado e acolhido pelas mulheres e homens de nossa geração. Nossos contemporâneos têm direito de saber quem é Deus, como é nosso Deus.

O texto do Evangelho de Marcos (Mc 12,28-34) se situa em um contexto amplo. Dentro dele adquire um significando especial o diálogo que Jesus mantém com o Escriba a propósito do principal mandamento. A cena acontece no Templo de Jerusalém, depois de vários acontecimentos imediatos: depois da expulsão dos vendedores do templo!; depois que eles perguntaram a Jesus, com que autoridade tinha agido deste modo!; depois de diversos debates em pagar ou não pagar o tributo a César, sobre a ressurreição dos mortos!; depois da parábola da Vinha amada e os vinheiros assassinos! Pois bem, depois de tudo isto, o escriba pergunta a Jesus, qual é o principal Mandamento da Aliança.

Jesus tinha evocado – pouco antes – o Deus enamorado de sua Vinha a qual cuida com extremado amor e a qual torna fecunda, porém também frustrado em seu amor traiçoeiro, pois havia se convertido em um lugar de violência e assassinatos. Jesus havia falado do Templo, casa de Deus, convertido em cova de bandidos. Neste contexto, Jesus proclama o mandamento principal da Aliança: "Amarás o Senhor teu Deus, teu único, com todo o coração, toda a alma, toda a mente, todo o seu ser”. O amor, que responde à Aliança, mobiliza tudo: corpo e alma, interioridade e exterioridade, razão e emoção. Não se pode dizer de uma maneira melhor: Jesus nos quer vinha enamorada de seu Vinheiro, nos pede para darmos a Deus o que é de Deus e não a qualquer césar.

O mais chamativo é a conexão que Jesus estabelece entre o primeiro e segundo mandamento: “Amarás o próximo como a ti mesmo”. Faça-te próximo de qualquer pessoa que encontres! Manifeste teu amor! Essa pessoa é a extensão do amor que tens de ter por ti mesmo! Não há forma melhor de amar a si mesmo, que amando os demais, fazendo-se próximo e amando em todas as direções.

Quando nós fazemos próximos, quando os diferentes nos sentem como irmãos, quando superamos as barreiras da opção política, confessional, religiosa, de forma de vida, quando compartilhamos os bens com os necessitados e elevamos os excluídos à condição de sujeitos e protagonistas, então Deus se faz presente! os vizinhos, quando o diferente se sentem irmãos, quando nós superamos as barreiras da opção política, confessional, do modo de vida, quando nós compartilhamos os bens com o necessário e nós subimos os excluídos à condição de companheiros e personagens principais, então Deus fica presente! Ubi Caritas et Amor, Deus ibi est!

Deus se sente amado em nosso amor, servido em nosso mútuo serviço, acolhido em nossa hospitalidade. Nosso Deus nunca nos diz: Eu primeiro... depois... os demais!, nos diz: “Amado...”. O caminho do Amor leva a Ele, mesmo que não se mencione seu Nome santo. Porém é um caminho arriscado, pois o Maligno tem interesse em frustrar todas as historias de amor, com fantasmas, acertos e desacertos, ressentimentos e suscetibilidades, traições e enganos.

Quando alguém diz "eu não posso amar", esquece que todo o ser humano recebeu amor em depósito e em quantidade suficiente. O Amor foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. Todos recebem o dom e carisma suficiente para amar muito. Jesus não pede o impossível quando nos diz: Amarás! Cada um ama a sua maneira! Em nossos amores de aliança fiel estamos conectados com o Deus da Aliança: “ubi amor Deus ibi est!” ( “onde há amor, ali esta Deus” )

Gostaria de concluir este comentário, pedindo a mim mesmo e a todos nos que sejamos como Jesus, mediadores da Aliança. Que “mediemos” para que nossa gente ame e se inicie na religião do Amor e da Fidelidade.

Façamos-nos acreditáveis para que quando mencionarmos nosso Deus não sejamos considerados pela sociedade “politicamente incorreto”. Façamos o possível para que Deus não seja confundido com os de um partido, ou de uma religião ou de uma raça. Nosso Deus é o Deus de todos, o Deus apaixonado por todos.

Criar laços de amor entre todos os diversos fará que Deus manifeste sua face por nosso tempo, que seu Reinado seja mais realidade. O amor eficaz pelos nossos irmãos e irmãs mais empobrecidos e excluídos, será o grande Sinal de quanto amamos a nosso Deus: “Eu tinha fome... tive sede... estive no cárcere!” .

O esquecimento dos necessitados e pobres, a exclusão das pessoas que consideramos diferentes, nossa precedência ante aos demais... são as atitudes que fazem que nosso Deus seja hoje esquecido, excluído, substituído. Esse secularismo paradoxal se estabelece entre nos sem que percebamos, e nos converte em sacerdotes, escribas ou saduceos do Tempo da velha Jerusalém. Menos mal que houvesse um escriba que ante Jesus confessou o seguinte: “amar o próximo como a mim mesmo vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios”.

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